segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Uma história de Natal

Conta uma antiga e conhecida lenda, que três cedros nasceram nas outrora lindas florestas do Líbano. Como todos nós sabemos, os cedros levam muito tempo para crescer, e essas árvores passaram séculos inteiros pensando sobre a vida, a morte, a natureza e os homens.
Presenciaram a chegada de uma expedição de Israel, enviada por Salomão, e, mais tarde, viram a terra coberta de sangue durante as batalhas com os assírios. Conheceram Jezabel e o poeta Elias, inimigos mortais, assistiram a invenção do alfabeto e se deslumbraram com as caravanas que passavam, cheias de tecidos coloridos.
Um belo dia, resolveram conversar sobre o futuro.
- Depois de tudo que tenho visto, disse a primeira árvore, quero ser transformada no trono do rei mais poderoso da terra.
-Eu gostaria de ser parte de algo que transformasse para sempre o mal em bem, comentou a segunda.
-Por meu lado, queria que toda vez que olhassem para mim, pensassem em Deus, foi a resposta da terceira.
Mais algum tempo se passou, e lenhadores apareceram. Os cedros foram derrubados, e um navio os carregou para longe.
Cada uma daquelas árvores tinham um desejo, mas a realidade nunca pergunta o que fazer com os sonhos.
A primeira serviu para construir um abrigo de animais, e as sobras foram usadas para apoiar feno.
A segunda virou uma mesa muito simples, que logo foi vendida para um comerciante de móveis.
Como a madeira da terceira não encontrou compradores, foi cortada e colocada no armazém de uma cidade grande.
Infelizes, elas se lamentavam:
-Nossa madeira era boa, e ninguém encontrou algo de belo para usá-la.
Algum tempo se passou e, numa noite cheia de estrelas, um casal, que não conseguia encontrar refúgio, resolveu passar a noite num estábulo que tinha sido construído com a madeira da primeira árvore.
A mulher gritava com as dores do parto, e terminou dando a luz ali mesmo, colocando seu filho entre o feno e a madeira que o apoiava.
Naquele momento, a primeira árvore entendeu que seu sonho tinha sido cumprido: ali estava o maior de todos os reis da Terra.
Anos depois, numa casa modesta, vários homens sentaram-se em torno da mesa que tinha sido feita com a madeira da segunda árvore. Um deles, antes que todos começassem a comer, disse algumas palavras sobre o pão e o vinho que estavam diante de si.
Naquele momento, a segunda árvore entendeu que sustentava não apenas um cálice e um pedaço de pão, mas a aliança entre o homem e a Divindade.
No dia seguinte, retiraram dois pedaços do terceiro cedro e o colocaram em forma de cruz, deixando-o jogado em um canto.
Horas depois, trouxeram um homem barbaramente ferido, que cravaram em seu lenho. Horrorizado, o cedro lamentou a bárbara herança que a vida lhe deixara.
Porém, antes que três dias decorressem, a terceira árvore entendeu seu destino: o homem que ali estivera pregado, era agora a Luz que tudo iluminava. A cruz, feita com sua madeira, tinha deixado de ser um símbolo de tortura, para se transformar em sinal de vitória.
Como sempre acontece com os sonhos, os três cedros do Líbano tinham cumprido o destino que desejavam, mas não da maneira como haviam imaginado.
(Autor desconhecido)

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