Confesso que sou um tanto cético em relação às produções cinematográficas nacionais, geralmente apelando para o sexo fácil e palavrões (atenção: não sou puritano, mas me incomoda ver recursos intelectuais e artísticos substituídos por banalidades), embora reconheça que, nos últimos anos, há evidente progresso nesse setor.
Exemplo desta assertiva, é o filme " O dia que meus pais sairam de férias ", de Cao Hamburger, que retrata, com muita sensibilidade e apurada reconstituição, a maldita época conhecida como os anos de chumbo da ditadura.
Com um elenco afinado, no qual se destacam as exuberantes atuações dos meninos Michel Joelsas (Mauro) e Daniele Piepszyk (Hanna) e de Germano Haiut (Shlomo), um senhor ator, o filme em questão vale o ingresso.
Enquanto o país vibrava com a conquista da copa de 70, pessoas eram massacradas, vilipendiadas e até assassinadas em defesa de uma falsa doutrina, qual seja, a de libertar o Brasil do jugo comunista.
Embora tenhamos nos livrado da malfadada ditadura, deixamos que aventureiros incompetentes, corruptos e ladrões tomassem conta do país, simplesmente porque nosso povo, continuamente inebriado por futebol e carnaval não alcança o necessário discernimento para a transformação cultural de que esta nação necessita.
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