O bom senso e a histeria

Reportagem de O Globo, página 20, caderno RIO, deste último domingo, intitulada "Uma infeliz coincidência", dá conta de que a empresa Adidas promoveu uma festa de confraternização, numa casa cuja piscina possuía, em sua borda, uma espécie de grega com desenhos da cruz suástica, além do quadro de um oficial nazista.

Tal fato, não obstante a explicação do proprietário do imóvel, de que os símbolos não se constituem numa apologia ao nazismo, causou "frisson" em alguns convidados, gerando, inclusive, revolta na presidente da Federação Israelita do Estado, que promoverá uma investigação sobre o fato.

Realmente, o nazismo é algo execrável, devendo ser esquecido, por tantos males causados à humanidade.Todavia, há que se ter o bom senso de discernir a verdadeira intenção de exaltação à essa ideologia, do registro histórico de algo que, infelizmente, aconteceu e queiramos ou não, faz parte da história.

Se for considerado apologia tudo que tiver relação direta ou indireta com o nazismo, teríamos que fechar, por exemplo, o Museu da FEB, na Rua das Marrecas, 35, Lapa, no Centro do Rio, já que lá estão uniformes, armas, canetas e outros apetrechos oriundos da segunda guerra mundial, relacionados ao exército alemão, onde a cruz suástica aparece com destaque.

A guerra, uma criação vergonhosa do homem, causa distorções de conduta, a exemplo das barbáries executadas pelos nazistas, mas não podemos esquecer quer as bombas atômicas lançadas sobre Nagasaki e Hiroxima, também foram de uma crueldade inominável, e pouco se critica tal ato, se o compararmos com sua extensão, porque, simplesmente, pertence aos vitoriosos.

A meu ver, em certas situações, há que se ter bom senso na avaliação dos acontecimentos, deixando de lado a histeria, ainda que justificada, mas que pode gerar um equivocado juízo de valor, como parece ocorrer no caso em comento.