Adoro música, e agora mesmo, ouço, com muita satisfação, "Strangers on the Shore" , linda canção de Mr. Acker Bilk, e viajo em meus pensamentos aos "hi-fis" de minha juventude, onde a azaração já existia, mas com um certo comedimento.
Lembro dos preparativos que antecediam minha saída para as festinhas, sempre caprichando no penteado, na roupa da moda, geralmente calça Lee, mocassim e blusão vermelho ou florido, banhado de Lancaster (perfumo argentino), cigarro Capri (tamanho adequado para quem fumava para tirar onda), isqueiro comprado no armarinho e, modéstia a parte, com um charme que agradava às garotas.
Quando conseguia dançar com a "mina" sonhada, o romantismo transbordava, ao som de músicas belíssimas das orquestras de Ray Conniff, Metais em Brasa, Românticos de Cuba, Henry Mancini e Ed Lincoln, só para citar algumas da época.
Ah.., como era gostoso esse tempo, onde ainda havia uma certa ingenuidade, sem violência, onde "ficar" com uma garota, como ocorre hoje, não era tarefa muito fácil e, até alcançar o primeiro beijo, era necessário ter muita lábia.
Meu coração de romântico - apaixonado, já aos 16 anos, quase saltava do peito ao abraçar a favorita para dançar, porque a concorrência era grande, e a conquista, uma vitória para o ego.
Os companheiros de fé não podiam faltar, alguns deles já se foram, outros se mudaram, outros sumiram, mas deixaram saudades, porque compactuaram comigo esses momentos de inesquecível prazer.
Longe vai esse tempo de sonhos, de aventuras, de deslumbramento, mas continuo a ouvir, sempre que posso, as belas melodias que marcaram minha juventude e, nesses momentos, fecho os olhos e danço com o passado, no eterno "hi-fi" da saudade!


Um comentário:
Êta tempinho bom aquele!!! Aquilo sim que era música. Só não tem saudade quem de fato, não curtiu.
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